Quem assistiu o filme Whiteout (Terror na Antártida), com a Kate Beckinsale, ou leu algum livro sobre a expedição do irlandês Shackleton a bordo do Endurance no continente antártico, pode ser que tenha alguma noção do que é viver em um dos lugares mais gelados, isolados e inóspitos do planeta.
Muitos pesquisadores e militares da Marinha, incluindo a Comandante Janaina Silvestre, têm mais do que noção.
Na época Capitão de Corveta, Janaina foi a primeira e única mulher a ocupar o cargo de Subchefe da Estação Antártica Comandante Ferraz, base administrada pela Marinha desde 1984, na ilha Rei George, pertencente ao Arquipélago Shetland do Sul.
O nome da base foi dado em homenagem a um Oficial da Marinha, hidrógrafo e oceanógrafo, grande incentivador do projeto do Programa Antártico Brasileiro, o PROANTAR.
O Programa, gerenciado pela Comissão Interministerial para os Recursos do Mar, coordenado pela Marinha, visa desenvolver pesquisas científicas no continente, ampliando o conhecimento dos fenômenos naturais e sua repercussão sobre o território brasileiro.
O PROANTAR também é integrado pelo CNPq e pelo Ministério do Meio Ambiente e tem o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações como responsável pelas diretrizes da pesquisa brasileira.
A presença brasileira no continente antártico tem motivações não apenas ecológicas, mas de ordem geopolítica, econômica e até estratégicas, afinal, ele é uma das passagens do oceano Atlântico para o Pacífico, através do estreito de Drake. Esses fatores foram determinantes para que o País aderisse ao Tratado da Antártida em 1975.
Em 2012, um incêndio destruiu cerca de 70% da base. Dois militares morreram.
Sem interromper as pesquisas científicas, a Marinha lançou um concurso público para escolher o projeto da nova Estação Comandante Ferraz, mais moderna, funcional e ainda mais preocupada com o meio ambiente antártico, investindo em energias renováveis e no uso racional dos recursos.
As obras de reconstrução só ocorrem entre os meses de novembro e março de cada ano, devido às condições climáticas extremas do inverno antártico, que chegam, em média, a 75 graus centígrados negativos. A previsão é que a nova estação esteja pronta em 2019. No verão, claro.
É a Marinha trabalhando pela pesquisa científica e preservação do meio ambiente.